quarta-feira, junho 02, 2004

Fénix Nula

Vê o mundo nos meus olhos.
E na dimensão infinita desta íris
que é da cor do amor por ti,
avista o horizonte ebúrneo
para lá do crepúsculo em que
me encerro.

Descansa a alma no meu ser.
Deves estar cansada – ou meditas
em coisas outras que não eu,
porque eu não posso ser tudo,
e já me gastei todo para te
tentar ter.

(Rebusco os silêncios embaraçosos
procurando onde a linha se partiu:
só descubro labirintos lodosos
e pobres seres que outrora eram eu.
As dores de alma sinto-as longínquas
como algo que se foi e não fosse meu…
Amores impossíveis, que desbarato
à toa por me ficarem grandes demais,
são apenas um murmúrio que ecoa
na minha mente, entre os meus ais.)

Vem celebrar comigo, fugaz,
esta derrota que não entendo e
vitoriar sem senso a minha desdita.

Sou
Alma tão gémea que se cola a ti
Segunda pele que todos os dias
te afaga.
Mas sendo tudo isso,
sinto que tudo perdi –
Como uma Fénix nula
que só arde e não renasce!





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