quarta-feira, fevereiro 25, 2004
Um Verão Marciano
Há coisas como segredos. Parecem só nossas.
E de cada vez que as percorremos renovamos o domínio, a posse e afastamos as inevitáveis invasões do que é só nosso.
Ponderamos mostrá-las, mas revolta-nos a traição potencial, o perder dos pequenos tesouros…
Melhor mantê-los ao abrigo da cobiça imaginada dos outros e continuar a usufruí-los como ouro.
Todos temos destas coisas.
Todos possuímos destes segredos imaginados, pequenos universos que nos adoçam a vida.
(Nunca os percam…)
É melhor nunca perdê-los…
(escrito ao som do vinil – Johnny Warman, Walking into Mirrors)
E de cada vez que as percorremos renovamos o domínio, a posse e afastamos as inevitáveis invasões do que é só nosso.
Ponderamos mostrá-las, mas revolta-nos a traição potencial, o perder dos pequenos tesouros…
Melhor mantê-los ao abrigo da cobiça imaginada dos outros e continuar a usufruí-los como ouro.
Todos temos destas coisas.
Todos possuímos destes segredos imaginados, pequenos universos que nos adoçam a vida.
(Nunca os percam…)
É melhor nunca perdê-los…
(escrito ao som do vinil – Johnny Warman, Walking into Mirrors)
domingo, fevereiro 22, 2004
A carne que não vale
A máscara que se assume é sempre nossa e não sendo o nosso rosto é a nossa alma – somos sempre nós…
quinta-feira, fevereiro 19, 2004
O Espirro de Telémaco
Quis ser profeta um destes dias,
daqueles com tédio e nuvens baixas
que nem o passado deixam entrever.
Menti-me prevendo-me ufano,
de futuro aberto em largo sol,
mas já sabendo que não o ia ser.
Como o espirro de Telémaco
que serviu de augúrio à vidente,
também brilhante não me enganei sequer…
daqueles com tédio e nuvens baixas
que nem o passado deixam entrever.
Menti-me prevendo-me ufano,
de futuro aberto em largo sol,
mas já sabendo que não o ia ser.
Como o espirro de Telémaco
que serviu de augúrio à vidente,
também brilhante não me enganei sequer…
domingo, fevereiro 15, 2004
Desabafo
Quero deitar tudo cá para fora!, gritou ele. Depois vomitou.
Fronteiras
Estamos na fronteira. Entre o génio e a loucura. Entre o ódio e a paixão.
Estamos na fronteira entre ser e parecer, entre o que os outros vêem e o que os outros sentem. De nós.
Aqui posso ser o que quiser. Aqui posso ser o que sentir.
Não me prendem corpos nem morais. Não me restringem regras nem conceitos. Sou todos ou nenhum. Sou eu. Ou tu, tanto faz.
Quem ler que o sinta…
Estamos na fronteira.
Estamos na fronteira entre ser e parecer, entre o que os outros vêem e o que os outros sentem. De nós.
Aqui posso ser o que quiser. Aqui posso ser o que sentir.
Não me prendem corpos nem morais. Não me restringem regras nem conceitos. Sou todos ou nenhum. Sou eu. Ou tu, tanto faz.
Quem ler que o sinta…
Estamos na fronteira.
sábado, fevereiro 14, 2004
Ainda que possa...
Ainda que possa não quero ser assim.
Ser outro tem outra nobreza, ideal,
e ser eu até aos confins de mim
sabe a comida insípida, sem sal.
Ainda que possa não sou só de mim,
perdi-me algures no encanto do olhar,
e não quero voltar ao cinzento dos dias
em que só eu me sentia respirar.
Ainda que possa não vou tornar
a ter horas sós sem que me encontre,
sem lábios que beije na noite
sem ter alguém em quem pensar...
E eu que nunca comemoro esta treta do dia dos namorados...
Ser outro tem outra nobreza, ideal,
e ser eu até aos confins de mim
sabe a comida insípida, sem sal.
Ainda que possa não sou só de mim,
perdi-me algures no encanto do olhar,
e não quero voltar ao cinzento dos dias
em que só eu me sentia respirar.
Ainda que possa não vou tornar
a ter horas sós sem que me encontre,
sem lábios que beije na noite
sem ter alguém em quem pensar...
E eu que nunca comemoro esta treta do dia dos namorados...
sexta-feira, fevereiro 13, 2004
Sexta-Feira, 13
Mais um episódio...
Mutante
Há momentos em que sou esfinge ao entardecer –
muda-me o semblante com os raios do sol poente,
oblíquos como as coisas em que pareço pensar.
Dá-me a vida nos olhos e cega-me, marca a retina,
mas o fulgor é breve e não demora a passar, como
as marcas que deixei no caminho que ajudei a traçar.
Há instantes em que sou deus e Homem, oscilante,
e me busco onde não devo nem estou, porque
entretanto já passei e nem demorei o olhar…
muda-me o semblante com os raios do sol poente,
oblíquos como as coisas em que pareço pensar.
Dá-me a vida nos olhos e cega-me, marca a retina,
mas o fulgor é breve e não demora a passar, como
as marcas que deixei no caminho que ajudei a traçar.
Há instantes em que sou deus e Homem, oscilante,
e me busco onde não devo nem estou, porque
entretanto já passei e nem demorei o olhar…
sexta-feira, fevereiro 06, 2004
Amanhecer
A esfinge chegou...