terça-feira, fevereiro 21, 2006

Sinapse

De mim para ti
como raio de luz
ou gota de orvalho.
Instante eléctrico
de emoção garrida
em cor de raio.
Difusão biónica
de calor humano
em base plasmática.
Sinapse difusa
em mente confusa
num desnorte magnético…

(não é quando se quer que a faísca refulge, nem sequer quando se pensa que sim... é só quando.)

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Gimme a sound to play!

São capazes de imaginar um mundo sem música? Assim uma espécie de taliban-world mas sem hipótese de reversão? É uma ideia assustadora, muito mais do que qualquer medo de pacotilha em fita de série B para assustar meninos de coro.
Não a ausência de som, mas a impossibilidade visceral de o arrumar em música!
Brrrrrr……… Eu dava em doido, se já não fosse…


Dador Universal

Quem dera fosse pintor, nos idos de oitocentos
e pudesse afogar as mágoas em copos pequenos de absinto…
Em vez disso saiu-me a alma aberta, transparente,
em que todos vêem o que não sai de mim!

Quem dera fosse poeta, álcool rouco na voz
de uma vida desperdiçada em vielas raras de sol.
E talvez um acesso de tosse, assim telúrico,
para compor veramente a imagem do sofredor.

Quem dera fosse pedinte, cantando a solo a angústia
em qualquer esquina da vida, andrajosa e infiel.
E só trazer no peito o tísico peso do desespero,
sempre acompanhado à viola pela solidão anónima.

Quem dera não ser nada, só rara ausência,
enovelar-me confortável no vazio quentinho,
útero em que me dobrasse e não nascesse,
apenas não fosse e não pensasse.

E nesse vazio infinito, só amar tudo
e rir, desalmadamente, de mim e da vida.

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