sábado, março 20, 2004

Multiplicidade!

Vejo-nos limitados ao que somos, sem espaço à multiplicidade, ao ser o outro que sou eu. Cingimo-nos ao fato cinzento da rotina dos dias e não ousamos sair dos olhares que os outros nos dirigem - somos sempre os mesmos e como os outros querem!
Porque não romper correntes, largar amarras, sair em órbita tresmalhada para os observadores do lugar comum? Mas é difícil cortar, porque gostamos de alguém ou alguém gosta de nós, porque precisamos de um emprego, porque é mais cómodo assim e é assim que levamos palmadinhas nas costas e festas de aniversário...
Então vamos ser mais suaves e tornemo-nos apenas camaleões de trazer por casa, travestis da palavra que perpassa da mente - ela pode ser quem quiser, incoerente ou trágica, sarcástica ou poética. Inventemo-nos todos os dias em mil de nós, sejamos perplexos, cómicos, anoréticos; bestas ou querubins, palhaços ou vingadores - podemos ser alma erguida e depois derrubada e nem ficam vestígios, só fica a palavra.
Assim nunca ficaremos sós...





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