sexta-feira, abril 23, 2004

Depois de nós

Depois de nós virá quem nos esqueça
até sermos só avós num álbum velho
faces serenas, poses concretas
intactas imóveis sobre papel amarelo.

Já pensaram alguma vez que poucos anos depois de desaparecerem ninguém se lembrará de vós? Talvez restem algumas memórias passadas entre gerações, umas quantas fotos e vídeos, mas já ninguém vos conhecerá! Tudo aquilo que fomos ter-se-á perdido: os sonhos, os erros, as alegrias - tudo, perdido para sempre... Seremos apenas avós num álbum velho.
Não é a ausência que é a morte que me assusta! É a obliteração total que me arrasa!

quarta-feira, abril 07, 2004

E agora, José?

Quando nos pomos a perscrutar o sentido da vida e não somos monges budistas ou afins, algo vai mal. Ou, pelo menos, não vai bem - sim, que entre o bem e o mal existem muitas hipóteses de lógica incerta que podemos utilizar!
Acontece-nos mais quando não há amor no horizonte, nem dentro de nós. Parece então que a vida se reduziu à rotina e será sempre o repetir das coisas triviais do dia a dia. Só que eu tenho um remédio para isso: basta começar a dar atenção a todas as pequenas coisas que vemos, que nos rodeiam e que na maior parte das vezes nem da sua existência nos apercebemos. É fácil sentir a felicidade por uma fracção de segundo quando nos levantamos e vemos lá fora uma luz de Primavera, um sol que convida a despertar. Ou uma mulher bonita. Ou um crepúsculo digno de deuses - imaginem Lisboa vista da ponte Vasco da Gama, aninhada sob um céu de azul carregado, com parte da luz do dia ainda no seu âmago; um rio como espelho verde escuro afaga-lhe os pés; enquadrem essa imagem em modo panorâmico com os vossos olhos, porque câmaras não captam emoções; sintam o divino dessa imagem, mesmo não professando religião, e tudo faz mais sentido - eu já o vi!
Irra, que lamechice! Mas é verdade. É que às vezes só mesmo sendo lamechas se conseguem expressar certas coisas.
É claro que podemos afogar as crises existenciais em álcool e sexo - também resulta, mas dá ressaca...

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